Linhas de pesquisa

O Programa possui duas linhas de pesquisa:

Linha 1: Cultura, Relações Sociais e Gênero

Esta linha busca compreender a sociedade através das múltiplas práticas culturais e discursivas que constituem o sujeito, suas experiências e vivências. O viés teórico das representações é fundamental na elucidação de percepções, crenças, símbolos, interesses, ideias, costumes, tradições, projetos e as formas pelas quais os sujeitos e os grupos humanos representarem a si mesmos, o tempo, o espaço e o mundo. Interessa à linha a compreensão da produção de significados, a percepção do conflito nas relações de poder produzido no âmbito do simbólico, a invenção de valores, modos de vida e formas de sobrevivência, a ação dos discursos, a construção de sentidos e imaginários ordenadores do real, bem como as relações com os novos meios de produção e reprodução das representações sobre o real. As mídias audiovisuais e eletrônicas, principais veiculadoras da cultura de massa contemporânea, são outro campo fértil para as análises da linha. A difusão de representações socioculturais hegemônicas ou setorizadas nessas mídias faz com que estas sejam fontes privilegiadas para o estudo tanto das representações com foco no tempo presente, quanto naquelas que procuram ressignificar passados mais ou menos distantes, assim como abolem fronteiras nacionais e identitárias, permitindo a construção de conexões transculturais. A linha abriga o gênero como um dos seus eixos de pesquisa. O gênero é compreendido como um conjunto de efeitos produzidos em corpos sexuados, em comportamentos e relações sociais, assim o enfoque das pesquisas recai sobre os processos e dispositivos de construção social, cultural e histórica do gênero, das representações de feminilidades e masculinidades, das identidades sexuais, dos corpos e sexualidades e das relações de poder entre homens e mulheres. Devido à reclamada ausência das mulheres na historiografia, os estudos tem como principais sujeitos as mulheres (hetero e LGBTs), suas múltiplas experiências, sejam elas individuais ou coletivas em diferentes espaços sociais, culturais e históricos, como a maternidade, o casamento, a família, as relações afetivas e amorosas, a amizade; a sua atuação na esfera política, seja em movimentos sociais e comunitários, nos partidos políticos e nas lutas feministas; no mundo do trabalho; suas relações com a criminalidade e a norma; suas produções artísticas, literárias e intelectuais; as múltiplas identidades vivenciadas, e em especial, as várias formas de violência de gênero, o feminicídio, vivenciadas por elas no mundo contemporâneo. Ganha relevância na linha a construção da narrativa histórica pelas mulheres e sujeitos LGBTs através dos seus escritos – memorialísticos, literários, autobiográficos, jornalísticos, acadêmicos – da oralidade, das imagens e das diferentes práticas culturais. Interessa ainda o estudo das relações entre arte e outros fenômenos culturais com a formação da subjetividade no que essas relações são atravessadas por relações de gênero em sua interseccionalidade com outras dimensões estruturantes das relações sociais, como as de raça, classe, localização geopolítica. As relações sociais são pensadas em especial a partir da perspectiva da biopolítica nos seus mais variados modos de apropriação dos sujeitos para fins de sujeição, administração e subjetivação. Sob esse aspecto, a governamentalidade e a gestão dos corpos se traduzem como elementos capitais das relações de poder e das formas de resistência, de modo especial no contexto contemporâneo em que a biopolítica oferece as condições férteis à necropolítica de uma razão de estado. Por fim, as ideias, discursos e representações provenientes de diferentes campos científicos (como o educacional e o médico), o ensino e modos de socialização e aprendizado, a didática da história e a História Pública em suas problematizações sobre o conhecimento histórico, historiográfico e a atuação docente, se inserem nas preocupações sobre as sensibilidades, normas e valores que orientam as relações sociais em determinado contexto.

Docentes da linha

Bárbara Figueiredo Souto – Doutora em História pela UFMG

Cláudia de Jesus Maia – Pós-doutora em História pela Universidade Nova de Lisboa

Ester Liberato Pereira – Doutora em Educação Física pela UFRGS

Ildenilson Meireles Barbosa – Pós-doutor em Filosofia pela UFPR

Rafael Dias Castro –  Doutor em História pela Casa de Oswaldo Cruz-FIOCRUZ

Robson Murilo Grando Della Torre – Doutor em História pela UNICAMP

Vinícius César Dreger Araújo – Doutor em História Social pela USP

Linha 2: Poder, Trabalho e Identidades

A proposta dessa linha se desenvolve em torno do eixo das relações sociais, formadas e formadoras dos mecanismos de coerção, organização, hierarquização, coexistência dos grupos na sociedade ao longo do tempo e do espaço. Nessa perspectiva relacional, o poder, em sua dimensão política de forma ampliada e presente na sociedade, engloba as relações próprias ao universo do político, do trabalho e das identidades. Assim, contemplam-se as desigualdades inerentes aos agentes individuais e coletivos que operam nas mais diferentes escalas, temporais e espaciais, situadas de forma dinâmica nas diversas instâncias, a exemplo do território, da geração, dos campos de poder, englobando o domínio da classe social, da produção, da religião e das religiosidades. Essas relações de poder se manifestam em diferentes espaços (sociais, culturais, religiosos, políticos e/ou econômicos). Dentre os propósitos de nossas investigações, encontra-se a esfera das representações e do imaginário, revelados nos espaços de sociabilidades, laica e/ou sagrada, com o intuito de valorizar a complexidade da formação das identidades, ritos, mitos símbolos e significados formados e formadores dos grupos sociais. Além deste alvo de análise, um dos elementos contemplados pela linha consiste em tais relações aplicadas ao mundo do trabalho, por ser constituído e constituinte das relações sociais no cotidiano, inscrito na vida privada e/ou pública. Sendo assim, nossos objetos e métodos de pesquisas se distribuem em campos variados, atentando-se ao poder como eixo central, tais como: o cotidiano e a construção de redes de sociabilidades, de interdependência e a identidade de artistas populares e artesãos, através das relações entre a história oral, memória e identidades; culturas políticas e relações de poder, formação e transformação de instituições, tradições, ideologias, filosofias, religiosidades e imaginário, o pensamento e a trajetória de intelectuais em suas diversas definições; os mundos do trabalho, relações de trabalho, organizações, experiências e cotidiano dos trabalhadores, disciplina e controle social, formas de trabalho compulsório, como a escravidão, divisão territorial do trabalho; movimentos e conflitos sociais; e, por fim, as percepções de nação, tradição, conservadorismo, fundamentalismo, revolução inerentes aos grupos e seus projetos de Estado e/ou sociedade.

Docentes da Linha

Andrea Helena Puydinger De Fazio – Doutora em História pela UNESP

César Henrique de Queiroz Porto – Doutor em História pela USP

Felipe Azevedo Cazetta – Doutor em História pela UFF

Helena Amália Papa – Doutor em História pela UNESP

Laurindo Mekie Pereira –  Pós-doutor em História pela Universidade Nova de Lisboa

Rejane Meireles Amaral Rodrigues – Doutora em História pela UFU

Renato da Silva Dias – Doutor em História pela UFMG