Área de concentração

O Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Montes Claros (PPGH-Unimontes) iniciou suas atividades no primeiro semestre de 2011. Tendo a HISTÓRIA SOCIAL por área de concentração, servimo-nos do legado dos movimentos que se constituíram em oposição às abordagens da história factual. As novas propostas colocaram em evidência a percepção do social e a contribuição de diferentes áreas na prática epistemológica, propiciando, assim, um campo fértil para a emergência da História Social. Sem desconsiderar as críticas iniciais a sua concepção generalizante e sua perspectiva de síntese, a expressão é aqui entendida em sentido mais restrito em decorrência dos recortes necessários aos novos problemas propostos e, consequentemente, às novas metodologias. Assim, do ponto de vista do campo historiográfico, a área de concentração em História Social nos permite colocar em evidência tanto as noções de experiência, como ponto de partida para as análises, quanto às noções de discurso, como linguagens da vivência dos atores sociais em diferentes contextos históricos, tanto do ponto de vista individual quanto coletivos. Da mesma forma, tal campo permite que evidenciemos o movimento dos sujeitos históricos pelo caminho de uma história “dos de cima ou dos de baixo”, de uma “história consciente ou inconsciente”, trazendo à tona uma realidade dinâmica e que não se encaixa em modelos pré-determinados. Ao pensarmos as experiências sociais a partir de tal perspectiva, reconhecemos a importância de todos os aspectos que norteiam a vida em sociedade, seja do ponto de análise da cultura (manifestações simbólicas, valores, hábitos, etc.), da economia (formas e relações de produção, apropriação do trabalho, relações econômicas, etc.) e da política (as relações com o Estado, instituições, atores e pensamentos políticos, etc.). Considerando-se, portanto, o conjunto destas implicações, o itinerário metodológico e teórico das pesquisas empreendidas pelos que se filiam a essa proposta, não pressupõe apenas a busca da racionalidade ou da estabilidade humana, mas a trajetória das mudanças, das rupturas e das permanências que se operam tanto nos modos de sentir quanto nas formas de ação dos grupos sociais. Os eixos temáticos que interessam à área são aqueles que evidenciam aspectos inerentes à vida em sociedade, que operam no território cultural, simbólico, político, econômico, institucional, trabalhista, das identidades e de gênero, das relações de poder, que os sujeitos estabelecem entre si, com o outro e com as instituições que regem as diversas realidades sociais. Neste sentido, os objetos de pesquisa tendem a enfocar espaços onde são travados os embates pelo poder, alicerçadas nas diversas formas de coerção e conflitos e seu contraponto de negociações, resistências, mediações e acomodações, operando nos modos de sentir e nas formas de ação dos grupos sociais através de dimensões reais, simbólicas e/ou imaginárias, veiculadas, apropriadas e ressignificadas, constituindo diferentes formas de identidades sociais, políticas e culturais. Destarte, a área de concentração em História Social contempla a multiplicidade geográfica e cronológica de objetos de pesquisas, múltiplas temáticas e variadas possibilidades de investigação de fontes históricas que visam à apreensão das manifestações da intervenção humana engendradas na dinâmica dos fenômenos históricos. A diversidade de enfoques teóricos passa pela ênfase nas culturas políticas e culturas históricas, subjetividades e os estudos de gênero, atravessando os estudos sobre memória e cultura regional, os mundos do trabalho, experiência e cotidiano dos trabalhadores, abordando ainda as questões implicadas pelos estudos pós-coloniais e a diversidade epistêmica do campo histórico. 

 

Alguns temas de pesquisa que interessam à nossa área de concentração em História Social são: dispositivos e processos históricos de produção de subjetividades: gênero, corpos, identidades sexuais e sexualidade; representações do feminino e do masculino; exercício do poder nas suas diversas formas: no Estado, na família, no trabalho, nas relações de gênero, nas tensões cotidianas, nas instituições sociais e normativas; relações de trabalho; organizações; disciplina e controle social, formas de trabalho compulsório, divisão territorial do trabalho; movimentos e conflitos sociais; comportamentos, hábitos, memórias individuais e/ou coletivas e representações sociais sobre aspectos da vivência cotidiana, socialização e formas de simbolização; linguagens políticas, símbolos, ritos, imaginários e liturgias políticas nas culturas políticas; representações literárias; ideias, discursos e representações em diferentes campos científicos, como o educacional e o médico; educação, didática da história e história pública em suas problematizações sobre o conhecimento histórico, historiográfico e a atuação docente; práticas discursivas, discursos de poder e imaginário nas relações entre a imprensa e a sociedade; pesquisas sobre mídias, em análises sobre o modo como imagens, discursos e sons se articulam em diferentes práticas e representações; sociabilidades e vivências culturais presentes em festas e rituais religiosos, suas simbolizações e sua representatividade para as identidades dos grupos locais. A área concentra duas linhas de pesquisa.