Pesquisa com colaboração da Unimontes sobre insetos e fogo no Cerrado é publicada em revista renomada internacional e repercute no The New York Times

Um estudo liderado pelo professor e pesquisador Jean Carlos Santos, da Universidade Federal de Sergipe (UFS), com a colaboração do professor Walter Santos de Araújo, da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), acaba de ser publicado pela Ecology, uma das revistas científicas mais renomadas da área, editada pela Ecological Society of America, nos Estados Unidos. O artigo apresenta resultados inéditos sobre a capacidade de estruturas vegetais chamadas galhas, formadas por insetos, de proteger larvas durante incêndios no Cerrado.

Área de queimada | Foto: Jean Carlos Santos

O texto é intitulado:
“Set fire to the gall: Can the gall protect the galling weevil from fire?”
(em português: “Será que a galha protege o besouro contra o fogo?”)

Por conta da originalidade e relevância do tema, o estudo foi destaque em reportagem no The New York Times no dia 25 de maio de 2025. A matéria enfatiza como estruturas formadas por insetos podem ser tão eficazes a ponto de garantir a sobrevivência mesmo sob fogo direto, reforçando a importância ecológica das interações entre plantas e insetos.

A reportagem destaca o ineditismo da pesquisa e contextualiza a descoberta como um exemplo das adaptações evolutivas em ecossistemas propensos ao fogo, como o Cerrado. Ao mesmo tempo, alerta que essas defesas naturais podem não ser suficientes diante do agravamento das mudanças climáticas e do aumento da frequência e intensidade dos incêndios.

Conforme explica o professor e pesquisador Walter Santos de Araújo, o artigo é resultado de uma pesquisa que mostrou que larvas do besouro gorgulho (Collabismus clitellae), abrigadas em galhas na planta lobeira (Solanum lycocarpum), espécie característica do Cerrado, sobreviveram em alta proporção (66%) mesmo após a passagem de um incêndio intenso.

A principal explicação é que a espessura da epiderme das galhas atua como uma barreira térmica, funcionando como um “abrigo antichamas” natural. “O achado contribui para o entendimento de adaptações de insetos a distúrbios frequentes em savanas tropicais e pode ter implicações importantes em um contexto de intensificação dos incêndios devido às mudanças climáticas”, explica Walter, vinculado ao Departamento de Biologia Geral da Unimontes.

O pesquisador da Unimontes contribuiu diretamente na análise dos dados e discussão ecológica dos resultados, a partir de sua experiência no estudo de galhas de insetos e avaliação de interações ecológicas. Ele também é coordenador do Laboratório de Interações Ecológicas e Biodiversidade (LIEB), onde desenvolve pesquisas sobre os efeitos de distúrbios ambientais na biodiversidade e na estrutura de redes ecológicas, especialmente envolvendo interações planta-inseto. Sua colaboração reforça o papel ativo da Unimontes em estudos de ponta sobre ecologia em biomas tropicais e savânicos.

“As galhas de insetos são interações ecológicas fascinantes e o Cerrado brasileiro é considerado uma das principais áreas de diversidade desses insetos. Nesse estudo, nós mostramos um pouco da importância ecológica das galhas na proteção das larvas contra queimadas, que são tão frequentes no Cerrado mineiro”, afirma o pesquisador.

O professor Walter Santos de Araújo salienta que a publicação do artigo no periódico dos Estados Unidos, com repercussão em um dos jornais mais importantes do mundo, projeta a Unimontes em nível internacional.

“A publicação na Ecology, que é um dos periódicos mais conceituados internacionalmente, demonstra a relevância e originalidade do estudo, e mostra como as pesquisas realizadas pelo Laboratório de Interações Ecológicas e Biodiversidade da Unimontes estão na vanguarda do conhecimento ecológico atual. Isso mostra a força da pesquisa na Universidade”, descreve Walter.

Foto: Jean Carlos Santos

Link do artigo: http://www.posgraduacao.unimontes.br/uploads/sites/17/2025/05/These-Plants-Protect-Larvae-From-Wildfires-The-New-York-Times.pdf

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